
A condutora
Nehalennia, senhora dos caminhos, detentora do leme. A deusa se mostra a condutora de nossos destinos, mostrando-nos a direção a seguir. Nesta face, pode ser evocada para nos direcionar, quando nos encontramos em dúvidas sobre diferentes caminhos e precisamos escolher, ou quando não vislumbramos um caminho a seguir. A portadora do leme, pode nos guiar em diversas direções, pois a nossa vida não está restrita a caminhos ou com estradas já traçadas, mas como um mar aberto, apresenta infinitas possibilidades de direções, cabendo a nós traçarmos a nossa rota, provisionar o barco de nossas vidas e nos entregar ao sabor dos ventos com fé e confiança de que Nehalennia nos conduzirá ao destino escolhido, confiando também que na sua infinita sabedoria, a Deusa poderá nos proteger e impedir que cheguemos ao caminho se não for para o nosso bem.A protetora
Nehalennia, reverenciada como protetora dos grandes mercadores e evocada para a travessia segura do Mar do Norte, é a mãe que protege seus filhos de todos os perigos. Ela nos permite nos lançar no mar da vida, afastando os perigos, amenizando as tempestades ou o que acontece mais comumente, permitindo que experimentemos as dificuldades para que possamos crescer fortes e livres. A face protetora de Nehalennia não é a que impede seus filhos de se machucar, mas os fortalece pela dor, soprando suas feridas com seu hálito fresco e doce de esperança e confiança renovadas.
A mãe
Nehalennia é representada como deusa da fertilidade da terra, sendo cultuada pelos povos morini, nos países baixos, um povo tipicamente agrícola e representada nos seus menires e altares, portando uma cesta com pães e frutas, símbolos de fartura a abundância. É também considerada a deusa das árvores frutíferas. Assim pode ser evocada, para trazer o alimento do corpo e da alma às nossas vidas, bem como trazer fartura às nossas colheitas. Ela nos nutre com a força da terra, tal qual a mãe que aconchega e alimenta o filho em seus fartos seios.
A curadora
Nehalennia é evocada ainda como senhora da cura, uma vez que a conectam às ervas. Assim, Nehalennia cura a todos que a evocam, mas provavelmente não se trata somente de uma cura instantânea e superficial física, mas também de cura emocional, capaz de efetivar grandes e profundas transformações na vida daqueles que buscam a cura efetiva de medos, traumas e frustrações. A erva dedicada à Nehalennia é o alecrim, o que comprova a cura emocional, visto que o chá de alecrim tem propriedades curativas capazes de promover a alegria, o aumento de ânimo e o aumento de imunidade. O alecrim pode ainda ser utilizado em banhos ou mesmo num incenso para meditação. Um bom mergulho no mar, também opera milagres, renovando as energias e reenergizando- nos. Não havendo possibilidade de um banho de mar, um banho de rio ou cachoeira também é válido, pois todas as águas do mundo são uma só e integram o líquido uterino da Deusa.A amante
Nehalennia como divindade ligada ao mar, às águas, pode ser evocada para trabalhar as emoções, atrair bons sentimentos, o amor e a beleza. Ela também pode acalmar emoções exacerbadas e nos colocar no leme, no controle das nossas emoções. Ela nos ensina a sedução, a fluir com a vida e experimentar o que os bons ventos nos trazem. Ela nos presenteia com dias de céu claro e sol brilhante e noites de luar intenso com estrelas cintilantes.

A iniciadora
Honrar Nehalennia é mergulhar sem medo no abismo mais profundo do mar mais escuro de si mesmo. É encontrar-se consigo e não temer. A jornada de autoconhecimento com Nehalennia exige coragem e entrega total. Exige que entreguemos o leme de nossas vidas em Suas mãos, quando nos sentimos incapazes de tomar uma direção segura, da mesma forma que devemos tomar as rédeas quando estamos fortalecidos. Nehalennia mostra os limites, e nos ensina a nobreza de sermos responsáveis pela nossa condição. Nós mulheres, pelas nossas peculiaridades femininas, carregamos em nossos corpos um mar. Ora, revolto com águas frias e ondas ameaçadoras, ora, tranqüilo com águas mornas e cristalinas. Nehalennia como uma divindade das águas, pode acalmar ou agitar o nosso mar interior, quando houver necessidade.
A finalizadora
Um dos lados sombrios de Nehalennia é a sua face como senhora da morte, aquela que conduz a alma ao outro mundo. A morte é um assunto cercado de medos e tabus, quando na verdade é a certeza maior da vida e plenamente natural. Os povos nórdicos e celtas que a cultuavam viam várias formas de morte, como uma grande honra, como por exemplo, os guerreiros que morriam em batalhas, lutando pela liberdade de seu povo ou pela conquista de um novo território. A morte não era temida, mas enfrentada com honra e glória. O cão que acompanha a Deusa nas suas representações é símbolo do submundo, da passagem da vida para a morte. Nehalennia em seus altares é representada com soberania e harmonia com o cão, ensinando-nos a não temer a morte, mas a aceitação dessa etapa. Como divindade da morte, podemos evocar Nehalennia para que nos fortaleça nas mortes simbólicas de nossas vidas, quando precisamos deixar o “que o velho morra para dar lugar ao novo”.

A face negra
Nehalennia ainda se mostra sob o aspecto obscuro e não menos necessário que os demais. Em oposição aos aspectos mãe, protetora e guia, Nehalennia pode mostrar a fúria do mar, causando confusão nos caminhos, fazendo se perder o mais experiente dos navegantes. Como senhora que abre os caminhos ela também pode fechá-los. Este aspecto embora temível, pode ser útil nos momentos que nos sentimos desprotegidos e precisamos confundir as energias nefastas e inimigos inescrupulosos. Quando nossas vidas se encontram em verdadeiro tumulto, é este o aspecto da Deusa que nos afastará as brumas mentais e nos permitirá reencontrar o caminho.

A Sacerdotisa de Avalon
Este romance mágico da autoria de Marion Zimmer Bradley e Diana Paxson narra a história de Helena, mãe de Constantino, imperador romano. Helena fora uma sacerdotisa iniciada nos mistérios de Avalon e ao deixar a ilha para cumprir o seu destino, viajara por diversos países, tendo se dedicado a prestar culto a Nehalennia, ainda que isto apareça pouco no livro.