Compartilho do pensamento que todas as deusas são uma só e todos os deuses são um só. Por outro lado, cada povo criou o seu panteão, fracionando o poder supremo em faces diversas que pudessem dar ao homem a compreensão da divindade em sentidos mais profundos. As dualidades (bem e mal, paz e guerra, vida e morte, bem e mal e ainda tantas outras) sempre foram um grande mistério para a humanidade. De forma prática os homens da antiguidade construíram sua sabedoria em torno da aceitação da dualidade como equilíbrio do mundo onde vivemos, em vez de negar uma face para que outra sobressaísse. Assim, evocaram divindades da vida, da morte, da paz, da guerra, da prosperidade, dos infortúnios, do frio, do calor, e inúmeras outras.
Toda divindade evocada possui egrégora, energia própria e por esta razão não sou adepta de sincretismos como por exemplo: ‘Ártemis é a Diana grega’. Não compartilho deste entendimento, porque gregos e romanos são povos diferentes que pensam e sentem as suas divindades de formas também diferentes. Embora Diana e Ártemis sejam ambas donzelas dos bosques, caçadoras, cada uma foi cultuada por um determinado povo com seus costumes, criando assim uma egrégora própria.
Assim, devemos buscar entender os elementos que cercam a divindade e a cultura onde a mesma foi venerada inicialmente, para recriar um culto para as mesmas.
É certo que morando no Brasil, prestar culto à Nehalennia não é fácil, ainda mais, sem qualquer proximidade com a cultura dos povos nórdicos, escandinavos, vikings ou outros. Mas evocando Nehalennia pelo seu nome e acreditando que é única, e não a Yemanjá nórdica, estarei atraindo a egrégora de Nehalennia para que esta se mostre a mim e vá me guiando neste caminho de descoberta e reconstrução do seu culto.
Apenas para conhecimento, faço algumas conexões de Nehalennia com outras divindades que possuem alguns aspectos próximos ou símbolos idênticos.
Idunna – Deusa nórdica protetora das maçãs sagradas que alimentam os deuses nórdicos e lhes dotam com os dons da eterna juventude. A maçã, fruta retratada em várias culturas, ganha mais um significado na cultura nórdica, sendo alimento divino e fonte de juventude, quando em outras culturas simboliza o conhecimento, a sabedoria e até mesmo a luxúria. Nehalennia também carrega um cesto com essas frutas.
Fortuna - A deusa romana da sorte (boa ou má) portadora de uma cornucópia de moedas e muitas vezes representada com um leme, mesmo símbolo de Nehalennia. Muitos crêem que são deusas similares.
Hécate – Deusa grega dos caminhos, a que atua nas escolhas difíceis e guia os devotos. Esta função se assemelha a uma das funções de Nehalennia.
Yemanjá – O velho hábito de tentar se explicar o inexplicável, faz com que muitas vezes as pessoas entendam Nehalennia como a “Yemanjá nórdica”, pelo simples fato de Nehalennia ser para os povos dos países baixos a deusa do mar.
Morrighan - Curiosamente, ainda não notei semelhanças mas ambas em acompanham e me guiam e sempre acontecem coincidências como: 06 de janeiro ser o dia de celebração de ambas, o livro A Sacerdotisa de Avalon falar de Nehalennia mas ter uma passagem forte de evocação de Morrighan para amedrontar e vencer os inimigos de guerra, etc.
Ellen dos Caminhos – Esta deusa, ainda que com alguma relutância, me parece ser a mais similar a Nehalennia, pois possui diversos aspectos desta e possivelmente só possua o nome regional diferenciando. Ellen seria o nome celta e Nehalennia o nome nórdico para a mesma divindade.
Hell – Deusa nórdica do submundo a quem Nehalennia é comparada como sendo uma versão mais suave.
Muitas outras deusas podem ter alguma similaridade. Vale a pena pesquisar!